Sarau na Escola

Sarau na Escola
E.E. Aparecida F. D. Carvalho

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Wedson Oliveira Silva, também conhecido por caruru é soteropolitano da suburbana, nascido em 1981, poeta, compositor, artesão e diretor de imprensa e divulgação da ONG Verdearte propõe por meio de suas poesias conscientizar seu público da importância de preservar os recursos naturais e expor seu trabalho engajado nos problemas socioambientais atuais. Realiza projeto de sarau cultural nas escolas pública e particular de São Paulo. Lançou no dia 20 de agosto de 2011 o seu primeiro DVD de poesias denominado “A reflexão performática de um baiano” com 13 poesias de autoria própria, no Centro Cultural Mestre Assis do Embu. DVD este com produção independente e com apoio do Jornal Correio Embuense e desenhista Jabes na criação da capa, a qual foi feita pelo referido artista utilizando matérias recicláveis como caixas papelão e jornal. O DVD foi filmado em diversos locais como Salvador (BA), Muritiba (BA), São Félix (BA), Embu das Artes (SP) e palco da Virada Cultural de São Paulo 2011 pelo Sarau do Binho.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Poesias

     A ESPADA


O mundo prega o amor
Porém vive em guerra
Agradeço por ser mensageiro
e poder passar a mensagem para o mundo.
Ele é único, JESUS CRISTO !
Nasceu, viveu, morreu e renasceu
Com a sua perfeição ele é o mestre
Com o seu amor, atingiu o apogeu
Do absurdo passageiro ele partiu
Mas a espada permanece
Revista-se com arnês
Procure conhecer a fundo
E só assim escutará a voz
Porque a verdadeira verdade
Está dentro de cada um de nós.

  Coisa que brota

Ela e eu, eu e ela
Sentados na janela
Eu me sinto como um cravo
E faço dela a minha rosa
Eu estou nela
E ela permanece em mim
Ela floresce e faz parte do meu jardim

A semente do sentimento
Ninguém é capaz de enterrar
A semente do sentimento
Foi criada pra semear
Não olhamos as nossas diferenças
Vimos o que ninguém conseguia ver
Deixamos de ouvir o que eles diziam
Igual ao leite e o café
Não tivemos preconceito de cor
Fomos lançados, roubados, tirados de cena
E unidos pelo elo do verdadeiro amor. 
  Escuta

O lago que alaga
O lago que alagou
A cachoeira na ladeira
A enxurrada na ladeira
A água rolava as pedras e lambia o chão
A cachoeira
Pegue a sua embarcação
Um povo que trabalha a vida inteira em pró de um lar
Um segundo e alaga tudo
Só pra devastar
Destrói o passado
Presente e futuro
Com esse sistema imundo
Eu não me iludo
Eles não vão mudar
Nem levando cacete
Escondem a sujeira embaixo do tapete
Fome, miséria e corrupção
Sem falar irmão
Da descriminação
De classe social
De crença
E até mesmo de cor
Eu clamo por justiça, paz e amor
O amor só vem do Senhor
E o Senhor a malucada libertou.

A revolta do guerreiro

Antes do descobrimento
Já imperava a lei do cão
Os marinheiros chicoteados
Pela opressão
 Mais um guerreiro
Que se revoltou
Queria liberdade
E pelo seu povo tinha amor
Liderou os marinheiros
Para bombardear
Mas o governo
Prometeu se aliar
Do navio eles desceram
E deram ordem para matar
João Cândido morreu
Unido com seus irmãos
Mas lutou até o fim
Pela libertação
João Cândido morreu
Unido com seus irmãos
E jamais será esquecido
E permanece no coração.

Escravidão contemporânea

O sol que aparece
Por trás do arranhacéu
O mesmo que molestou
O negro escravizado
Fez transpirar
A princesa Isabel
Que por sua vez
Castiga o trabalhador,
E brilha pro rei
Chibatadas nas costas
Por diferença de cor
Hoje o negro intelectual
Mostra o seu valor
e faz acontecer
Porque a intelectualidade
abala o poder
O guerreiro lutador
Não pensa em desistir
Salve Solano Trindade,
João Candido,
Salve Zumbi.

A escravidão que não acabou
Devorando como animal
Ainda hoje é encontrada
Na carvoaria, no canavial
Em qualquer cidade
Pequena ou grande
Uma outra escravidão
Que parece não ter jeito
O rico e o pobre
Escravizados pelo preconceito
O preconceito que já era grande
Torna-se enorme
O rico contra o rico
E o pobre contra o pobre


Uma escravidão
Para quem nos educou
Sobrevivendo com salário de miséria
Vive hoje o professor
Professor que contribui
Para o salário do doutor
Mérito para os teachers
Zero pra corrupção
Mesmo depois da Lei Áurea
Prevalece a escravidão
A chibatada que já não vem
Pela mão do mal feitor
Hoje vem pelos olhares
Sem respeito e sem amor
O cordeiro na cruz
Remissão para quem crê
Quem não aceita o seu amor
Vive para morrer
Quem se tornou discípulo
Morre para viver

Meu poema clama
Clama todo dia
Meu poema clama
Carta de alforria
Clama, clama, clama
e continua clamando.

Liberdade do voo e do canto

O passarinho na carritilha no canto
Preso, condenado a sina da gaiola
Sabendo da liberdade do canto canta tanto
Na peleja disputada com a viola
Flauta no bico tocando linda canção
E a natureza mostrando a beleza da creação
Canário, curió, sabiá, papa capim que não tem SUS
A gaiola que aprisiona vai ferir
Pássaro é solto voa, me faz sorrir
E com seu canto de luz, sentir Jesus

Pousa, faz seu ninho
De olho no predador
Ninho que fica sozinho
A maninha perdendo o filho, o filhote tem dor
A dor da perda que não quer sarar
Canta passarinho porque não sabe chorar
Não pega térmica como urubu, gavião
Voa sozinho na sua lereza
Embelezando a natureza
Voando baixo por causa do avião

Pássaro de metal, pior do que serpente
Veneno que quase não sai
Esta matando muita gente
Muita gente quando cai
Por terra carrego meus minino
Eu cabra da peste nordestino
Pelos bacuri eu tenho amor
Mas é verdade verdadeira
Que eu vendia trampo na ladeira
No pelourinho, em Salvador

Na Bahia aprisionava pássaros, quando criança
Acordava cedo, ia pro mato sozinho
Mas não sabia do peso na balança
De tirar a liberdade do passarinho       
Matutando nisso falei pra mim já sei
Peguei a gaiola e o passarinho soltei
Voando e cantando naquele momento
Uma linda canção
Canção linda conscientização
Canção agradecimento regida pelo vento.

O CANAVIAL

Canavial é o seu nome 
O canavial tem fome
O canavial consome
A escravidão não acabou
Quem conhece ou conheceu
o canavial de perto
Lá seu tronco encontrou

O canavial é o vampiro
que ilude e suga a saúde
No corte da cana
de foice ou de facão
Juntamente é cortado
o sonho da nação
Debaixo do sol
o corte no meio
e nunca no nó
Aprisionados pelo sistema
que todo mundo já viu
O sistema é o monstro
que o mundo pariu
Uma realidade não assistida na novela
Tendo a juventude sugada
Se cala na cratera

Um feixe fechado
pesado trocado
por poucos vinténs
Pela miséria do mundo
no guiness book
escrevo o nome de quem?
Pra buscar a liberdade
só de sacanagem
pra todo mundo ver
Mandaram ir num pé
e voltar no outro o saci pererê
Ele foi e nunca mais voltou
Em busca da liberdade
no mundo da igualdade
Preso o saci ficou

Vamos libertá-lo.
No canavial, ê, no canavial
 no canavial ê.
No canavial, ê, no canavial
no canavial ê.
Faça acontecer,
liberte o saci que existe dentro de você.

Coisa mandada


Lá no cafundó
não tem televisão
mas eu estava no pelourinho
e assisti toda destruição
De repente
uma voz que vem do chão
me agachei
coloquei o ouvido bem grudadinho na terra
sabe quem era?
O secretário do cão
gritando patrão
ele respondeu:
- To ocupado
dando boas novas às almas que chegou
-Vem cá só um tiquinho, por favor
vem ver Osama Bin Laden fazendo o que tu mandou.
O coisa ruim saiu a mil
parou em frente do telão desabafou e sorriu:
- Cambada de frouxo
um monte tentou e ninguém conseguiu.
Abram a champanhe
hoje no inferno vai ser festa
a maior diversão
assistir o replay do avião
batendo nas torres gêmeas
e caindo no chão
cortina de fumaça
aquele poeirão.
O chifrudo, mas não é corno não
deu logo as ordens:
-Prepare um caldeirão de pomada
vamos receber muitas almas
com a cara e a bunda queimada.
Enquanto isso lá no céu
a maior agitação,
Pedro saiu correndo
gritando para os anjos:
-Vamos descer no batalhão
todo mundo fortemente armado
nada de oitão
porque o cabra
é pior que Lampião
e lá embaixo a coisa ta feia
é só bomba no ar
e metralhadora na mão.
Um anjo franzino
que tava no canto tipo eu
não que eu seja anjo
se lembrou da paz
se lembrou da luz
gritou logo Jesus.
Jesus respondeu:
-Meu sacrifício eu já fiz na cruz.
-Eu não gosto de incomodar
 mas o que vamos fazer criador.
O creador sentado o trono
 parou, pensou, a barba coçou
e na calmaria de um baiano respondeu:
-Não se apoquente não
deixe ele desenvolver sua ignorância
se encher de pecado
pesar, quebrar a balança,
aí sim, porque de mim
ninguém pode se esconder
nem o Bin Laden
que se julga tão esperto,
vou cortar feito pau seco,
lançar no fogo eterno.
Isso é realidade
não é poesia inventada
da cachola de um baiano
que nem eu de Salvador,
Bin Laden sumiu
ninguém nunca mais achou
parece até que para outro planeta se mudou
será que foi pra mercúrio
saturno, urano, netuno ou plutão
ou cavou à unha um buraco no chão
e saiu do outro lado no Japão
falando um tal de saionará, arigatô.
O Bush virou sonhador
sonhou com o Bin Laden
que até as calças molhou.
Eta cabra frouxo,
esse cabra não é nordestino não,
se fosse nordestino
puxava o facão,
cortava o bucho,
fazia os bofe cair no chão,
toda história ia se acabar,
Estados Unidos nunca mais ia empoeirar,
mas fiquem bem espertos
que existe um pó branco
que é perigoso cheirar.

  Mulher faceira

Ê mulher
Que transborda de sensualidade
E me deixa louco
Atende ou atende pelo nome de Gabriela
Mas é de cravo e canela
Tem como perfume aroma de flor
E é capaz de me enlouquecer de tanto amor
Ela é assim
Cheia de sedução,
pinta e borda
e faz de gato e sapato o meu coração.

  O vigia


Eu viajei e vigiei o sentinela
Olhei pro mundo da janela
Mesmo olhando tudo
nem tudo consegui ver
Mas por traz do horizonte
Apreciei o amanhecer
Será que sou poeta?
Ou só mais um louco tentando escrever pra ver
O olhar de quem escuta as vezes fala sem querer

É só lamento
o desabafo do detento
E só lamento
viver a vida de momento
A ponte do pensamento
não pode se quebrar
A ponte do pensamento
inspirada pelo mar
Pensamento, sentimento e movimento
Tudo envolvido no momento.

 
Trapaça de Cabral


A poesia pede licença novamente
A poesia pede licença pra ser dirigida em sua mente
Do monte vejo um monte de gente a sorrir
Que não esta nem aí
Todas colocadas em um funil
Por isso que todo mundo pinta e borda
nessa ponte que partiu
É muito louco e muito cruel
transformaram o Brasil num bordel
A propina rola solta
e eles se acham ligeiro
Todos tementes ao Deus da Terra
chamado dinheiro
Já começava a enganação na educação
E me fazia sentir mal
Quando a professora perguntava
Quem descobriu o Brasil?
O matuto levantava e estufava o peito e respondia
Pedro Álvares Cabral
Eu ficava quieto
Até que um dia ela veio me cutucar
Quem descobriu o Brasil minino?
Eu levantei, estufei o peito e respondi
O nativo chamado índio.